12 março, 2004

CRÓNICA DA RÁDIO PAX

Antes de mais, não posso deixar de expressar o meu mais indignado sentimento de revolta perante o atentado terrorista levado a cabo na manhã de ontem em Madrid. Nunca pensei que na raça humana pudesse existir tanto ódio. Ou então estamos perante uma outra raça, que deverá ser tratada como uma praga e por isso aniquilada. Para bem das civilizações contemporâneas.
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Já muito se disse e escreveu sobre as obras a que a cidade de Beja tem vindo a ser sujeita nestes últimos tempos. Decorrentes da intervenção conhecida como POLI’s, os estaleiros vão surgindo aqui e acolá, a cidade vai-se esventrando e os resultados vão ficando à vista de todos nós.

Não sei se estas intervenções no tecido urbano bejense tiveram em conta preocupações de carácter ambiental, desconfio que não tenha sido salvaguardada uma antevisão para que as gerações futuras não venham a ser penalizadas pelas más decisões do presente e tenho a certeza que a informação sobre o projecto foi deficiente, não tendo havido um envolvimento da população e dos agentes económicos neste processo de transformação da cidade.

Tenho por vezes a sensação que todo este projecto foi feito baseado no pressuposto de que, ou se faz agora ou nunca mais se faz, com as evidentes deficiências das coisas que são feitas para cumprir calendários apertados ou, falando claro, das coisas que são feitas à pressa.

Os locais onde foram feitas as intervenções apresentavam, é verdade, ameaças de degradação e desagregação.
Porém, é evidente que não foram salvaguardadas, com eficiência, algumas características históricas e culturais assim como foram esquecidas as relações do cidadão com o seu meio.

Posto isto, e apesar de poder vir a ser acusado de injusto, este POLI’s parece ter sido conduzido sem prudência, com pouco rigor e manifesta falta de método.

Interessava saber até que ponto se teve em conta um eventual Plano de Salvaguarda do Centro Histórico onde, obviamente, constam dados arqueológicos, históricos, arquitectónicos, sociológicos e económicos a serem respeitados numa operação urbanística desta envergadura.

Questiono, também, se alguém se ocupou, com rigor, dos aspectos parcelares, como sejam, por exemplo, a implantação de novos objectos escultóricos e o seu enquadramento harmonioso com o volume, estilo e escala do meio onde foram implantados.

Pergunto-me que critérios terão estado na mente dos que projectaram o novo mobiliário urbano, que delinearam a iluminação dos sítios intervencionados e que criaram, ou deveriam ter criado, espaços livres, plantados, arejados e de recreio.
Olhando para o que está feito, fica-me uma certeza: foi cirurgicamente estudada a forma de como acabar com a circulação automóvel no interior da cidade, mas não se cuidou de criar alternativas efectivas e eficientes.
Este projecto, o POLI’s, terá que suportar, até ver, com o pecado de ter posto o cidadão de relações cortadas com a sua cidade.
E isto não se faz!

Bom dia e bom fim-de-semana!

12/3/2004

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