27 fevereiro, 2004
A CRÓNICA DE HOJE
Num estudo levado a cabo pela DECO e ontem tornado público, ficámos a saber que os preços praticados em Portugal são os mais elevados, comparativamente a outros países da União Europeia.
Nesse trabalho é-nos revelado que viver em Espanha ou na Alemanha é mais barato. Se associarmos aos baixos preços, os salários bem mais graciosos que são auferidos pelos trabalhadores daqueles países, então podemos afirmar que viver na pátria lusa é uma verdadeira dor de cabeça.
Os factores para um tão grande desnivelamento são conhecidos: Portugal não produz os bens que consome, o transporte destes bens é dispendioso e, para embelezar o ramalhete, o IVA praticado no nosso país é dos mais elevados da Europa comunitária.
Mas a acrescentar a estes factores, há certamente outros para os quais não arranjo explicação.
Dou-vos um exemplo:
Logo a seguir ao Natal, quando o preço do vestuário baixou, adquiri algumas peças, aproveitando os saldos ou reduções sazonais.
Nas etiquetas que acompanhavam as roupas estavam bem visíveis os preços praticados antes e depois do início da época dos saldos. É uma das formas que os nossos comerciantes têm para demonstrar que são mesmo verdadeiros os anúncios de reduções de 30, 40 e até 50% dos preços anteriormente postos em prática.
Numa das etiquetas, de uma camisola que tem o réptil como símbolo e com o qual o meu clube de preferência é minorado por gente sem formação, dizia eu que, nessa etiqueta estava o preço que havia acabado de pagar, 58 euros, e mesmo ao lado, de forma provocatória, o autocolante com o preço antigo: 117 euros! Isto é, eu tinha acabado de poupar 59 euros. Poupei mais do que o valor pelo qual a camisola me havia sido vendida.
Perante isto, pensei duas coisas:
Ou o comerciante perdeu dinheiro ao vender-me um produto por menos de metade do preço anteriormente tabelado ou então o autocolante com o preço mais alto havia ali sido posto à pressa para que as contas da redução de 50% batessem certas, o que não levei em conta, pois tenho por honesto o comerciante que me fez a venda da camisola.
Como também não acredito que haja quem tenha as portas das suas lojas abertas para perder dinheiro, fiquei a pensar cá com os meus botões, como é que seria possível fazer uma redução tão grande num artigo de marca? E cheguei a uma conclusão, talvez errada, talvez injusta: é que há preços a serem praticados muito acima do que seria justo, demasiadamente inflacionados, o que pressupõe uma margem de lucro excessivamente elevada.
O resultado está à vista: uma enorme crise no comércio, que aproveita a época dos preços baixos para escoar alguns produtos, e uma fuga dos consumidores para as grandes superfícies, para as lojas de ocasião ou para feiras e mercados onde se vende gato por lebre, mas cujo resultado prático é o mesmo.
Não seria bom que os comerciantes e as suas associações representativas parassem um pouco para pensar na maneira de relançar a sua actividade de uma forma que trouxesse benefícios para a classe e para os consumidores?
Termino a crónica de hoje chamando à atenção dos ouvintes que gostam de navegar na Internet: amanhã, pelas 4 da tarde, na Biblioteca de Beja, vamos falar sobre o Blog, essa ferramenta da nova era da comunicação. Uma conversa a não perder.
Bom fim-de-semana e até 6ª!
Nesse trabalho é-nos revelado que viver em Espanha ou na Alemanha é mais barato. Se associarmos aos baixos preços, os salários bem mais graciosos que são auferidos pelos trabalhadores daqueles países, então podemos afirmar que viver na pátria lusa é uma verdadeira dor de cabeça.
Os factores para um tão grande desnivelamento são conhecidos: Portugal não produz os bens que consome, o transporte destes bens é dispendioso e, para embelezar o ramalhete, o IVA praticado no nosso país é dos mais elevados da Europa comunitária.
Mas a acrescentar a estes factores, há certamente outros para os quais não arranjo explicação.
Dou-vos um exemplo:
Logo a seguir ao Natal, quando o preço do vestuário baixou, adquiri algumas peças, aproveitando os saldos ou reduções sazonais.
Nas etiquetas que acompanhavam as roupas estavam bem visíveis os preços praticados antes e depois do início da época dos saldos. É uma das formas que os nossos comerciantes têm para demonstrar que são mesmo verdadeiros os anúncios de reduções de 30, 40 e até 50% dos preços anteriormente postos em prática.
Numa das etiquetas, de uma camisola que tem o réptil como símbolo e com o qual o meu clube de preferência é minorado por gente sem formação, dizia eu que, nessa etiqueta estava o preço que havia acabado de pagar, 58 euros, e mesmo ao lado, de forma provocatória, o autocolante com o preço antigo: 117 euros! Isto é, eu tinha acabado de poupar 59 euros. Poupei mais do que o valor pelo qual a camisola me havia sido vendida.
Perante isto, pensei duas coisas:
Ou o comerciante perdeu dinheiro ao vender-me um produto por menos de metade do preço anteriormente tabelado ou então o autocolante com o preço mais alto havia ali sido posto à pressa para que as contas da redução de 50% batessem certas, o que não levei em conta, pois tenho por honesto o comerciante que me fez a venda da camisola.
Como também não acredito que haja quem tenha as portas das suas lojas abertas para perder dinheiro, fiquei a pensar cá com os meus botões, como é que seria possível fazer uma redução tão grande num artigo de marca? E cheguei a uma conclusão, talvez errada, talvez injusta: é que há preços a serem praticados muito acima do que seria justo, demasiadamente inflacionados, o que pressupõe uma margem de lucro excessivamente elevada.
O resultado está à vista: uma enorme crise no comércio, que aproveita a época dos preços baixos para escoar alguns produtos, e uma fuga dos consumidores para as grandes superfícies, para as lojas de ocasião ou para feiras e mercados onde se vende gato por lebre, mas cujo resultado prático é o mesmo.
Não seria bom que os comerciantes e as suas associações representativas parassem um pouco para pensar na maneira de relançar a sua actividade de uma forma que trouxesse benefícios para a classe e para os consumidores?
Termino a crónica de hoje chamando à atenção dos ouvintes que gostam de navegar na Internet: amanhã, pelas 4 da tarde, na Biblioteca de Beja, vamos falar sobre o Blog, essa ferramenta da nova era da comunicação. Uma conversa a não perder.
Bom fim-de-semana e até 6ª!