06 fevereiro, 2004

CÉLIA (8)

“O que é que te perturba, João?”. - São por vezes as palavras demasiado extensas para significantes tão simples, tento eu explicar-lhe, superando uma imensa vontade de lhe dizer que há expressões sem significado. E com um desejo, quase ardente, de uma declaração sobre os signos da linguagem.
“Mas então porque não simplificas?”, arremata-me sem dó nem piedade.
Há sentimentos que não se podem assingelar, e rogo-lhe que me deixe continuar nesta paz.
Faz-me o ponto final: “Insustentável, João, é insustentável!”
Porque será que eu sei que ela tem razão?



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