24 fevereiro, 2004

CÉLIA (10)

Subitamente, aparece-me Mariana no outro lado da linha. Não deveria ser assim. Àquela hora combinada daquele fim de tarde, só Célia poderia invadir um espaço que lhe estava reservado.
“Preciso de te ver”, ao fim de quase 3 meses de ausência já o esquecimento se apoderara dos sentidos. Quis adiar, mais tarde, agora não posso, “mas então quando?”, e eu sem saber dizer-lhe que não era aquele o momento certo para acabar com as esperanças de uma reedição (em que ponto ficámos?). Liga-me mais tarde, e era eu uma vez mais incapaz de dizer “não”.
E nesse fim de tarde o telefone tocou. De uma outra maneira. Nem deixei que trocássemos o vulgar olá e já estava eu temeroso a balbuciar um gostava de te ver.
“Gostavas ou queres?”. Não sei distinguir esses verbos quando o desejo é enorme.
“Não sabes esperar?”, para quê tanta pergunta quando se tem receio de que aquele espaço, que ainda há minutos me parecia inviolável, esteja a diluir a sua fronteira....!?
E, sem preparação, diz-me “não hesites”!
Era precisamente aquilo que eu não queria ouvir….

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