03 dezembro, 2003

LOURENÇO FÉRIA, O CDS/BEJA E ETC...

Vou tentar não ser injusto na análise que vou fazer ao artigo publicado recentemente no Diário do Alentejo onde Lourenço Féria, presidente da comissão executiva de Beja do CDS/PP, faz algumas considerações sobre as relações, a nível distrital, entre o seu partido e o PSD.
Lourenço Féria é um alentejano respeitável, homem que ama a sua terra e tudo tem feito para que o Alentejo seja uma região onde se possa viver com dignidade.
A sua militância no CDS é de todos conhecida e reconhece-se em Lourenço Féria um estoicismo invulgar. Nos tempos difíceis do PREC deu a cara, sacrificou-se e lutou contra a onda comunista que varreu então o Alentejo. Ele, como muitos outros alentejanos, acreditou que o destino do Alentejo deveria ser bem diferente daquele que as “brigadas Brejnev” e os “novos latifundiários da reforma agrária” nos queriam impor.
Entretanto, os tempos mudaram, o país e o Alentejo estabilizaram, e agora, as clivagens maiores foram superadas e vive-se em saudável democracia.
Hoje, o Alentejo precisa, mais do que apagar os erros do passado, de pessoas que tenham novos projectos, que sejam arrojadas nas suas propostas de modernizar a região, que colaborem no desenvolvimento desta terra tantas vezes mal tratada.
Foi por isso, com muita perplexidade, que li as palavras de Lourenço Féria.
Esperava que o dirigente máximo do CDS no distrito de Beja tivesse uma ideia para a região, tivesse propostas para o crescimento da riqueza neste território, que tivesse um olhar crítico sobre os projectos que teimam em não avançar, enfim, gostaria que Lourenço Féria olhasse para o futuro.
Contrariamente às minhas expectativas, Lourenço Féria veio para o DA especular sobre a distribuição de cargos de confiança política que, a seu ver, estariam a ser repartidos pelo companheiro de coligação (PSD) e a deixar de “mãos a abanar” os seus militantes. E não hesitou em apontar o dedo acusador, considerando o Governador Civil como o responsável por esta “falta de solidariedade”.
É pobre, muito pobre mesmo, esta visão que se tem da política, principalmente quando vinda de quem se diz estar “na política em defesa daquilo que tenho por ideal”.
Para além de nos informar que iniciou contactos (mandatado por quem?) para que alguém da área do CDS viesse a desempenhar o cargo de Governador Civil, Lourenço Féria apresenta-se com a face mais lamentável que hoje existe nalguns políticos: a de estar na política pelo “tacho” e não a da perspectiva do bem servir público. A entrevista ao DA só nos pode dar essa imagem.
É também lamentável (não comento) a falta de solidariedade política manifestada para com um seu companheiro de Partido que, numa campanha sem apoios, se apresentara a candidato a Presidente da Câmara de Beja e hoje desempenha funções num organismo do Estado (muito provavelmente à revelia das simpatias de Lourenço Féria).
Ora, é este dirigente distrital do CDS, a retomar as relações com a Distrital do PSD/Beja (alguma vez estiveram zangados?), que nos vem dizer que ambos os Partidos devem concorrer juntos nas próximas eleições autárquicas.
A “união de facto”, pretendida por Lourenço Féria, não vai ser fácil de constituir. Principalmente se a sua postura continuar a ser a espelhada nesta entrevista.
Só espero que, nas primeiras reuniões entre ambas as Distritais, não se comece a discutir em que lugares aparecerão os militantes do CDS, quantos lugares irão para o CDS, em conversas do estilo, “este lugar é para ti, este lugar é para mim”, etc, etc., pois em eleições, quem manda é o voto!

Uma última palavra para a expressão “uma virgem tem sempre interesse”. Se, por um lado, o destaque dado pelo jornalista demonstra pouca “virgindade”, a mesma expressão, na boca de quem a proferiu, parece-me pouco inocente. Fosse eu uma mulher e responder-lhe-ia à letra.




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