13 dezembro, 2003

A ALIANÇA PSD/CDS

Como o assunto está na ordem do dia, e dado o interesse que me suscitou, publico na íntegra o texto da crónica de João Roberto, lido ontem aos microfones da Rádio Pax.


"O Partido Social Democrata e o Partido Popular, ao que parece, preparam-se para desenvolver uma estratégia de coligação que ultrapassa o âmbito do governo.
Para além das eleições europeias de Junho próximo, fala-se já de autárquicas. Deixo propositadamente fora deste rol a questão presidencial pelo carácter pessoal da mesma.

Seja qual for a extensão da coligação, neste momento e na cabeça do comum militante de base está um horizonte infindável em que PSD e CDS/PP formam um, e um só, corpo.
Perante isto, e lembrando sempre que não represento mais do que o meu próprio pensamento, devo dizer, que considero tal estratégia profundamente errada uma vez que assenta em pressupostos irreais.

Como tal, partidariamente não me revejo nesta solução e explico porquê.

Depois das últimas legislativas, votados que foram os partidos em disputa, e perante os resultados obtidos, havia que encontrar uma solução de estabilidade para governar Portugal depois de seis anos de desnorteio socialista.

Ou seja, depois de cada um conquistar voto a voto, o voto do seu eleitorado, foi normal e útil para o país que se unissem esforços com o objectivo concreto de governar. Até aqui tudo bem. Mais do que isto torna-se, a meu ver, complicado e pode até ser eleitoralmente perverso.

Os defensores desta tese argumentam com a simples e fria questão aritmética do facto de a soma do eleitorado dos dois partidos permitir alcançar uma maior representatividade, esquecem porventura que ao irem a votos em conjunto os dois partidos serão obrigados a compatibilizar o discurso o que na prática significa que o PP encosta mais ao centro e o PSD encostará mais à direita sob pena de não dizerem a mesma coisa.

Daqui facilmente se retira que perante um eleitorado heterogéneo e que, ao contrário do que alguns gostariam, pensa pela sua cabeça, a coligação veja apertado o seu raio de acção e consequentemente diminuído o seu score eleitoral.

Por outro lado, as bases dos partidos em causa, não obstante, o respeito mútuo e o espirito de solidária cooperação que têm uns para com os outros, têm ainda assim aspectos bastante divergentes, e eu acrescento “ainda bem”, burilados por uma história recente em que a dissonância e o combate estiveram presentes.

Por tudo isto, porque o PSD sai a perder, porque o PP sai a perder, porque o País não sairá a ganhar, porque na vontade dos militantes facilmente se encontram obstáculos, não consigo encontrar argumentos para tomar firme a convicção do virtuosismo do plano em marcha.

Pelo que sinto a obrigação de manifestar com clareza democrática que não me enquadro em tal estratégia mas, todavia, oxalá me engane
."

(João Roberto é militante do PSD e líder distrital dos TSD. É membro da Assembleia Municipal de Vidigueira)


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