13 outubro, 2003

Para que serve o referendo sobre um novo Tratado da União Europeia?

Depende do ponto de vista das entidades emissoras de opinião.

Vejamos:

Na óptica do mais alto magistrado da Nação, Jorge Sampaio, o referendo serve para demonstrar o desinteresse que os eleitores têm precisamente pelas questões a referendar. Para quem foi eleito por 25% dos eleitores, percebe-se este cepticismo.
Os portugueses só vão às urnas quando estão em causa questões relevantes!
Para Jaime Gama, ex-MNE dos consulados socialistas, o referendo serve como adubo para o surgimento de movimentos anti-europeístas. É esta a visão democrática que se tem de um referendo.
Nunca tinha ouvido tamanho absurdo.
No sector dos apoiantes a esta consulta popular, as divergências são mais que evidentes.
Por um lado temos quem ande a discutir questões administrativas: isto é, se o referendo deve coincidir com as eleições para o Parlamento Europeu ou efectuar-se noutra data. Os opositores à coincidência, afirmam que o referendo não deve ser partidarizado. Esquecem-se que são precisamente os Partidos quem ainda consegue mover a habitual apatia dos eleitores relativamente à política. Fazer um referendo sem a participação cívica (porque os partidos têm essa participação), neste país mais interessado nas novelas televisivas e escândalos casapianos ou de ingressos universitários, é condenar ao fracasso essa consulta popular.
Por outro, aparecem-nos os Partidos, ou os seus directórios, que se afirmam favoráveis ao referendo, porque sempre o reclamaram. Mas se soubermos ler as entrelinhas, percebe-se facilmente que nenhum partido está verdadeiramente interessado neste referendo. E por razões que nada têm a ver com a Europa.
Quem está no poder não quer que o referendo sirva de teste às suas políticas. Porque se adivinham resultados muito críticos.
Quem está na oposição, como é o caso do PS, só será a favor do referendo se a pergunta a referendar for de encontro ao seu objectivo imediato: derrubar o governo.
Parece-me, pois, que poucos são os que estão interessados neste referendo.
E eu pergunto: o que vamos referendar?
Olhando para o calendário, apetece-me dizer: nada.
Veremos onde é que esta história vai parar!

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