25 setembro, 2003

O Epicurtas está atento. A propósito do que aqui se vai comentando sobre as POLI'sses na nossa cidade, escreveu:

"Outra vez Beja. Espero que as notícias que me chegam de Beja, que o Praça da República faz o favor de ecoar pela blogosfera, sejam exageradas. A fazer fé nas descrições do nikonman a bela cidade do Sul está enferma. Dilacerada por gente pouco lúcida que lhe rouba a simplicidade das linhas, o asseio de aspecto, a sobriedade das estruturas, o respeito pela história, a tranquila respiração. Dilacerada por gente pateta que se aburguesou na ilusão de ser alguém. É que há uma burguesia bejense que é emproada e afectada. Que tem complexos que procura dirimir com sinais exteriores de riqueza. É uma burguesia partidarizada. Com poder no local. É gente que facilmente imagino a embarcar na ignominiosa cruzada de fazer de Beja uma cidade moderna.. quando a esta lhe estava destinada e lhe era merecida a pós -modernidade.
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Post Scriptum - “ Caro nikonman, não será possível usar a Nikon para ilustrar o que nos vai contando? E, de facto, o que se passará com o Ao Sul?! Eu e o Anarca estamos à espera do tal almocinho...".
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Tento responder: Primeiro, o desafio - ou repto! Aceite. A F60 vai tentar transmitir, através de imagens, a sinfonia dos estaleiros. Vou procurar, nos baús, imagens dos locais que estão a sofrer a intervenção do POLIS. Mais tarde (quando mais tarde?) divulgaremos o produto final da operação.
Segundo, a sociedade bejense emergente: Existe! Ponto final. É incontornável. Uma curiosidade: congrega a mediocridade aculturada de todos os quadrantes. Gente que provoca bocejos consecutivos. Incapazes de estabelecer um raciocínio ao nível das ideias, chegam a declarar-se democratas e, espante-se, de esquerda. Desenvolvem a intelectualidade de uma forma umbilical. São contra os condomínios fechados mas vivem em "guetos" ideológicos apoiados em bandeiras mais que gastas. Olham para o lado e adjectivam de "inferiores" os que não se fazem ostentar. Compram enciclopédias por medida e consoante a apresentação cromática das lombadas. Fazem reivindicações por interesse próprio, pois não estão habilitados a lutar por direitos alheios. Pertencem a várias gerações. O 25 de Abril apanhou-os quando ainda só tinham uma vaga ideia de Paris em Maio de 68. Atravessam toda a cidade, mas preferem os bairros novos – os bairros emergentes! Raramente visitam uma livraria mas anunciam que passam horas na FNAC! A Biblioteca de Beja é-lhes querida. Incham a falar de Saramago que preferem a Lobo Antunes. Mas leram tudo, sabem os títulos, desconhecem os enredos.
Ao Sábado correm para o Expresso, porque tem que ser. No meio, escondidas, vão toneladas de letras ilegíveis que relatam futebol.
Exigem chávena aquecida para o café que já vem a ferver. Esqueceram e odeiam as origens.
Poderiam existir e não incomodar.
Só que são detentores de poder e, pior, do poder de decisão.
O que, por hábito, exercem mal.
Beja merecia melhor.

Mais, muito mais, meu caro Epicurtas, poderia anunciar aqui. Fica para a próxima. Não quero esgotar os meus vocábulos, pois estou em dívida com uma crónica sobre a minha ida ao outro lado do Mundo – a Barrancos.

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